quarta-feira, 2 de abril de 2008

AS PALAVRAS

É preciso apanhá-las
quando orvalho e metal
explodem da glande
sob as vistas de sagitário.
É preciso.
Antes que um réptil afoito
roce a folha
e a gota caia,
é preciso apanhá-las.
Para o sono dos que dormem
com a terra,
é preciso.


Água: ultramarino lince/horizonte:
corcéis bebendo o néctar;
araras ecoando fontes.
o mito das águas fundas.
Perdidas auroras:
Náiade do sem fim.
Perdido peixe-boi, vário passar ao longe.
Vênus despertada.
Órion constelada.
Bêbados ? abissais ângulos da madrugada ? amores fenecidos.
(Como doer na madrugada dos pardais?)
Boto, peixe-boi
lendas a esconderem-se do limbo das palavras
no istmo do próprio organismo,
a inebriar-se de ti.
Em mim: saudade
e desesperança.

Onde o mais profundo do mar?
Na espuma do seu rosto,
no sal, em lágrimas, em órion,
está o mais profundo, a face,
a faca descendo
lenta: a manhã.
Não nos seixos submersos
que guardam as ranhuras do osso
mas na epiderme que o olhar toca
está a taça ? safira e musgo
margem e rio.

Onde se desfaz o mar, em beijo
e areia é que apanho nuas,
luas-espuma, as suas fossas-mistérios.

Onde o mar é mar é só espuma;
toda lágrima, toda face, recriando sempre
em espumas, nosso coração mais duro:
latejante alvo que em golpes vermelhos
soluça no que há de maior afeto
entre espuma e areia.

do "Rafa"
obrigado pelo texto
e pela foto
que traduz muito meus sonhos

Um comentário:

˙·٠•● ѕεறிoτιvo ◦ disse...

Rs.. que engraçado ese poema.
Os assuntos surgem, desaparece com a chegada de outros novos e depois reaparecem, como ondas do mar.

Gostei deste ritmo.

Grande abraço

Ray