domingo, 9 de setembro de 2007

> > >Repasso esta belíssima carta de uma mãe.
> > >
> > >Carta aberta para Renato Aragão, o nosso Didi.
> > >
> > > Quinta, 23 de agosto de 2007.
> > >
> > > Querido Didi, há alguns meses você vem me
> > escrevendo pedindo uma doação mensal > >para
> > >enfrentar alguns problemas que > >comprometem o presente e o
futuro de
>muitas crianças brasileiras.
>
> > Eu não > >respondi aos seus apelos (apesar de
> > >ter gostado do lápis e das etiquetas com meu nome para colar
> > nas correspondências).
> > >
> > > Achei que as cartas não deveriam sem endereçadas à mim. Agora,
> > >novamente, você me escreve preocupado por eu não ter atendido as
suas
>solicitações. Diante de sua insistência, me >senti na obrigação de
parar
>tudo e te escrever uma resposta.
> > >
> > > Não foi por "algum" motivo que não fiz a doação em dinheiro
> > >solicitada por você. São vários os motivos
> > >que me levam a não participar de sua campanha
>altruísta (se eu
> > quisesse poderia escrever umas dez páginas sobre esses motivos).
Você
>diz,
>em sua última carta, que enquanto eu a estivesse
> > >lendo, uma criança estaria perdendo a chance de se desenvolver e
>aprender
>pela falta de investimentos em sua formação.
> > >
> > > Didi, não tente me fazer sentir culpada. Essa jogada publicitária
eu
>conheço muito bem. Esse tipo de texto apelativo pode funcionar com
muitas
>pessoas mas, comigo não. Eu não
> > >sou ministra da educação, não ordeno as despesas das escolas e nem

>posso
>obrigar o filho do vizinho a freqüentar as salas de aula. A minha
parte eu
>já venho
>fazendo desde os 11 anos quando comecei a trabalhar na roça para
> >ajudar meus pais no sustento da
> > >família. Trabalhei muito e, te garanto, trabalho não mata
> > ninguém. Estudei >na escola da zona rural, fiz supletivo, estudei à
>distância e muito antes de ser jornalista e publicitária eu já era uma

>micro
>empresária.
> > >Didi, talvez você não tenha noção do quanto o Governo Federal
> > tira do nosso suor para manter a saúde, a >educação, a segurança e
tudo
>o
>mais que o povo brasileiro precisa. Os impostos são muito altos! Sem
falar
>dos impostos embutidos em cada alimento, em cada produto que preciso
>comprar
>para minha família.
> > >
> > > Eu já pago pela educação duas vezes: pago pela educação na escola
>pública, através dos impostos, e na >escola particular, mensalmente,
porque
>a escola pública não atende com o
> > >ensino de qualidade que, acredito, meus dois filhos merecem. Não
acho
>louvável recorrer à sociedade para resolver um problema que nem
deveria
>existir pelo volume de dinheiro arrecadado em nome da educação e de
tantos
> >outros problemas sociais. O que está
> > >acontecendo, meu caro Didi, é que os administradores, dessa
> > dinheirama toda, não tem a educação como prioridade. O dinheiro
está
>saindo pelo ralo, estão jogando fora, ou aplicando muito mal. Para
você ter
>uma idéia, na minha cidade, cada alimentação de um presidiário custa
para
>os
>cofres públicos R$ 3,82 (três reais e
> > >oitenta e dois centavos) enquanto que a merenda de uma criança na
>escola
>pública custa R$ 0,20 (vinte centavos)! O governo precisa rever suas
>prioridades, você não concorda?
> > >
> > > Você diz em sua carta que não dá para aceitar que um brasileiro
se
>torne
>adulto sem compreender um texto simples ou
> > conseguir fazer uma conta de matemática. Concordo com você. É por
isso
>que
>sua carta não
>deveria ser endereçada à minha pessoa. Deveria se endereçada
>ao Presidente da República.
> > >Ele é "o cara". Ele tem a chave do cofre. Eu e mais milhares de
> > pessoas só colocamos o dinheiro lá para que ele faça o que for
>necessário
>para melhorar a qualidade de vida das pessoas.
> > > No último parágrafo da sua carta, mais uma vez, você joga a
> > >responsabilidade para cima de mim dizendo que as crianças precisam
da
> >minha" doação, que a "minha" doação faz toda a diferença. Lamento
>discordar
>de você Didi. Com o valor da doação mínima, de R$ 15,00, eu posso
comprar
> >12 quilos de arroz para alimentar minha família por um mês ou posso
>comprar
>
>pão para o café da manhã por 10 dias.
> > > Didi, você pode até me chamar de muquirana, não me importo, mas
R$ 15
>00
>eu não vou doar. Minha doação mensal já é muito grande. Se você não
>sabe,
>eu faço doações mensais de 27,5% de tudo o que ganho e posso te
garantir
>que
>essa grana, se ficasse comigo, seria muito melhor aplicada na
qualidade de
>vida da minha família. Você sabia que para pagar os impostos eu tenho
que
> >dizer não para quase tudo que meus filhos querem ou precisam? Meu
> > filho de 12 anos quer praticar tênis e eu não posso pagar as aulas
que
>são
>caras demais para nosso padrão de vida. Você
>acha isso justo? Acredito que
>não.
> > Você é um homem de bom senso e saberá entender os meus motivos
> > para não colaborar om sua campanha pela educação brasileira.
> > > Outra coisa Didi, mande uma carta para o Presidente pedindo para
ele
>
>selecionar melhor os professores. Só escolher quem de fato tem vocação
para
>ensino. Melhorar os salários, desses profissionais, também funciona
para
>que
>eles tomem gosto pela profissão e vistam, de fato, a camisa da
educação.
> > >Peça para ele, também, fazer escolas de horário integral, escolas
em
>que
>as crianças possam além de ler, escrever e fazer contas, possam
desenvolver
>dons artísticos, esportivos e habilidades profissionais. Dinheiro para
isso
>tem sim! Diga para ele priorizar a educação e utilizar melhor os
recursos.
> > > Bem, você assina suas cartas com o pomposo título de Embaixador
>Especial
>do Unicef para Crianças Brasileiras e eu vou me
>despedindo assinando...
> > > Eliane Sinhasique -
> > Mantenedora Principal dos Dois Filhos que Pari
> > > P.S.: Não me mande outra
> > carta pedindo dinheiro. Se você mandar,
> > >serei obrigada a ser mal educada: vou rasgá-la antes de
> > abrir.
>
>

Um comentário:

Silvia /('.')\ disse...

é isso mesmo.... a carta tem de ser dirigida ao Presidente da República e não a nós....
é isso mesmo, Fê!!! dê voz as causas justas, deixe a mostra as verdades...