sexta-feira, 7 de março de 2008



"(........)

Nietzsche esta saindo de um hotel em Turim.
Vê diante de si um cavalo,
e um cocheiro espancando-o com um chicote.
Nietzsche se aproxima do cavalo,
abraça-lhe o pescoço,
e sob o olhar do cocheiro,
explode em soluços.
Isso aconteceu em 1889,
e Nietzsche já estava
também distanciado dos homens.
Em outras palavras:
foi precisamente nesse momento
que se declarou sua doença mental.
Mas, para mim,
é justamente isso que confere
ao gesto seu sentido profundo.
Nietzsche veio pedir
ao cavalo perdão por Descartes.
Sua loucura
(portanto seu divórcio da humanidade)
começa no instante
em que chora sobre o cavalo.
É este Nietzsche que amo......"

Milan Kundera in " A Insustentável Leveza do Ser "

4 comentários:

Unknown disse...

Nossa, li este livro semana passada. É muito bom!
Esta parte é linda.
Beijo

David Monsores disse...

Nossa bonito mesmo!
É acho que tenho que ler Nietzche, achei muito bacana esse trecho!

BeijO minina!!!

Silvia /('.')\ disse...

interessante, embora não saiba nada dele, nem deste livro. o cavalo desprendeu o fino fio que o prendia a sanidade. tenho medo que este cavalo se apresente diante de mim e eu nunca mais retorne ao normal. falo sério! tenho medo de ficar louca...ninguém sabe exatamnete porque existe a loucura e como ela começa.

Ghost disse...

Adoro as idéias de Nietzsche!
Não conheço esse livro, mas vou procurar.
Vc já leu "Quando Nietzsche chorou"? Acho que iria gostar! Tem até um filme baseado nele, e que tem o mesmo nome.
Quanto a literatura dele, "Assim Falou Zaratustra" é meu livro de cabeceira. Embora eu adore tb o "Anticristo"!