quarta-feira, 12 de março de 2008


Os amantes se amam cruelmente
e com se amarem tanto não se vêem.
Um se beija no outro, refletido.
Dois amantes que são? Dois inimigos.

Amantes são meninos estragados
pelo mimo de amar: e não percebem
quanto se pulverizam no enlaçar-se,
e como o que era mundo volve a nada.

Nada, ninguém. Amor, puro fantasma
que os passeia de leve, assim a cobra
se imprime na lembrança de seu trilho.

E eles quedam mordidos para sempre.
Deixaram de existir mas o existido
continua a doer eternamente.


Carlos Drummond de Andrade

5 comentários:

As Chamas do Fénix disse...

Sabias palavras... muito sabias...


Uma Grande Chama para ti... beijos

Unknown disse...

"Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor."

Drummond também.
Nossa, ele tem uns poemas lindos demais.
Beijos

Ghost disse...

Oi...
Blz!?
Espero que Sim!

Belo poema... o amor é um eterno paradoxo...

Fragmentos Betty Martins disse...

querida______Fernanda





quanta verdade existe neste poema de Drummond


além de_______belo













beijO c/ carinhO

O Profeta disse...

O Sol abandonou o céu
A Lua ironiza no celeste
Soltas perversas vontades
Cruzam a tua vida agreste


Convido-te a partilhar a minha visão da forma em
como a vida às vezes é perversa para algumas mulheres…


Doce beijo